Fractional Flow Reserve (FFR) e Instantaneous Wave‐Free Ratio (iFR)
por Doutor Eduardo Manhães (Cardiologista Intervencionista)
As Doenças Cardiovasculares (DCVs) são patologias que afetam o coração e os vasos sanguíneos. Exceto na África, as DCVs são as principais causas de óbito no mundo.
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Estima-se que 17 milhões de pessoas morreram por Doenças Cardiovasculares no mundo em 2011, representando 31% de todas as mortes. Destes, 7 milhões morreram de Doença Isquêmica do Coração e 6,2 milhões morreram de Acidente Vascular Encefálico. Hipertensão arterial sistêmica, insuficiência cardíaca, valvulopatias cardíacas, arritmias cardíacas, miocardite, trombose venosa profunda, doença arterial periférica, aneurisma de aorta, acidente vascular encefálico e doença isquêmica do coração são as principais doenças cardiovasculares. A Doença Arterial Coronariana é a responsável pela maioria dos óbitos causados pelas DCVs.
Como identificar a Doença Arterial Coronariana?
O Cateterismo Cardíaco é o exame padrão-ouro para o diagnóstico de Doença Arterial Coronariana. Sabe-se que a presença de isquemia miocárdica é um dos fatores prognósticos mais importantes em pacientes com essa patologia. Grande parte das angioplastias coronarianas são realizadas baseadas apenas em critérios angiográficos avaliados pelo cateterismo cardíaco, sem avaliação prévia da existência de isquemia. Não obstante seus méritos indiscutíveis, o cateterismo cardíaco mostra limitações já conhecidas na estimativa da gravidade real de obstruções coronarianas, particularmente no caso de estenoses moderadas. Assim, como o grau de estenose medido pela angiografia pode ser uma ferramenta falha para estabelecer sua importância funcional, muitas decisões inadequadas são tomadas em relação à revascularização no dia-a-dia. A combinação perfeita da definição anatômica pelo cateterismo cardíaco aliada à informação funcional através da Reserva de Fluxo Coronariano é indispensável para definir adequadamente a estratégia de tratamento de pacientes com Doença Arterial Coronariana.
Reserva de Fluxo Coronariano: método eficiente para o diagnóstico de Doenças Cardiovasculares
A Reserva de Fluxo Coronariano é um método rápido e confiável para identificar as obstruções que estão produzindo isquemia miocárdica. A Reserva de Fluxo Fracionada (FFR) é relação entre o fluxo sanguíneo máximo no vaso estenótico durante hiperemia e o fluxo hiperêmico máximo neste mesmo vaso na hipotética ausência de estenose. O valor normal é 1. Quando o valor é abaixo de 0.80, afirmamos que a lesão obstrutiva em questão é produtora de isquemia. O FFR é uma ferramenta diagnóstica recomendada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia e Sociedade Brasileira de Cardiologia intervencionista aplicada quando visualizamos obstruções coronarianas ditas “intermediárias”de 50-70% no cateterismo cardíaco. Quando o valor de FFR for menor que 0.80, deve ser realizada a angioplastia coronariana com implante de stent. Se a lesão obstrutiva apresenta FFR > dor maior 0.80, não devemos realizar o implante de stent. Para a realização do FFR, precisamos induzir a hiperemia máxima através da infusão de adenosina na veia.
De natureza igual, através de um software mais moderno, podemos avaliar se a lesão obstrutiva em questão é produtora de isquemia através da reserva de fluxo coronariano instantâneo (iFR). Neste caso, a avaliação da obstrução ocorre no período diastólico do ciclo cardíaco, não havendo necessidade da infusão de adenosina na veia. O ponto de corte do iFR é 0.89, ou seja, se a lesão obstrutiva apresentar iFR < 0.89, afirmamos que a estenose em questão é produtora de isquemia e deve ser realizada a angioplastia coronariana com implante de stent.